Por : Felype Falcão
Em fevereiro deste ano, o Grupo Gay da Bahia divulgou um primeiro relatório com dadosde crimes motivados por homofobia no Brasil – uma soma do número de assassinatos com o
de crimes em que as vítimas sobreviveram. Agora, o GGB acaba de apresentar a versão final e atualizada do documento, com dados específicos dos assassinatos envolvendo a população LGBT no país.
Os resultados são alarmantes. Somente em 2011, o país registrou um total de 266 assassinatos a gays, lésbicas e travestis – o número representa um aumento de 118% nos últimos seis anos (foram 122 em 2007) e uma média de um homossexual morto a cada 33 horas. Do total de crimes cometidos no ano passado, 60% foram contra gays, 37% contra travestis e 3% em lésbicas.
E pelos dados já coletados até o momento, o ano de 2012 deve amargar um novo recorde. Somente de janeiro a março deste ano, já foram registrados 106 assassinatos a homossexuais.
A quantidade de crimes coloca o Brasil na liderança do ranking mundial de assassinatos por homofobia, concentrando quase 44% das execuções em todo o mundo.
“O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 800% maior que nos Estados Unidos. Neste ano o GGB outorgou o troféu Pau de Sebo à presidenta Dilma na condição de principal inimiga dos homossexuais do Brasil, pela proibição do kit antihomofobia e do filme de prevenção da Aids para gays no carnaval e pelo fracasso de suas políticas públicas de erradicação dos crimes homofóbicos”, afirma o professor e antropólogo Luiz Mott, responsável pela organização do banco de dados.
Levando em consideração a divisão por Estados, a Bahia assume a ponta do ranking com 28 homicídios ao longo do ano, seguida de Pernambuco (25), São Paulo (24), Paraíba, Alagoas e Minas Gerais, com 21 casos cada, e Rio de Janeiro, 20. Proporcionalmente ao número de habitantes, Alagoas e Paraíba lideram o relatório, pois concentram 16% destes crimes.
A região Nordeste também se firma como a mais intolerante do Brasil. 46% dos homossexuais assassinados em 2011 estão lá. As regiões Sul e Sudeste vêm em 2º lugar, com 34%. Norte e Centro Oeste ocupam o final da lista, com 19% dos crimes.
Mesmo com índices tão alarmantes, o professor Luiz Mott alerta que os dados apresentados podem ser ainda maiores. “A subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de crueldade e sangue. Como o Governo Federal se recusa construir um banco de dados sobre crimes de ódio contra homossexuais, baseamos tal relatório em notícias de jornal e internet, que com certeza está longe de cobrir a totalidade desses sinistros”, explica ele.
O relatório completo do ranking da homofobia no Brasil pode ser visto clicando aqui.
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