sábado, março 31, 2012

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Minha História de Homofobia...


TEXTO ORIGINALMENTE ESCRITO EM 6 DE MAIO DE 2011:

Tenho como obrigação moral contar minha história e ver se isso pode ser útil para que todos se dêem conta do mal que é ser julgado e julgar alguém por uma simples forma de ser ou agir.
Moro, por mais 5 dias, em uma casa nos fundos de uma imensa casa, em um bairro de Assis, Vila Glória, nos últimos dias passei por uma situação desconfortante; meu namorado estava comigo passando alguns dias, meu senhorio viajava, tinha como acordo não receber ninguém em casa; mas a situação me pedia que o recebesse em uma humilde casa de quarto, sala e cozinha, na qual pago 400 reais de aluguel. Nesses dias em que aqui ficou D foi em busca de emprego, caso tivesse êxito viria morar comigo em Assis, ficou hospedado em casa, para minha segurança e para comodidade de ambos. Nos últimos dias a vizinha com quem divido quintal, além de mais uma menina e os donos da casa, teve uma impressão de pré-conceito (assim mesmo na raiz das palavras), julgou que pela maneira com que ele se vestia com seus brincos, alargador, piercings, tatuagens e adereços, ele seria uma pessoa que endereçasse medo... Visão bem estreita de vida, vinda de uma menina de pouca idade, mesmo assim, acho que deveria esperar mais dela por estar nova em um mundo que se modifica tanto, mas creio que a criação dela traga explicações para isso. Com isso ela e a outra menina começaram uma pressão ao meu senhorio para que ele desse um "jeito" a situação, sem antes se aproximar de mim e conversar sobre algo que as incomodasse. Tratando desses assuntos sorrateiramente, fez com que meu senhoria voltasse de viagem de forma antecipada. Este último chegou no dia em que tenho aulas o dia todo, terça-feira, me encontrava lecionando, tranquilamente, meu namorado ficara em casa a fim de descansar e se entreter cuidando da casa. Pois bem, meu senhorio, vendo que havia gente em minha casa tratou de formar a situação mais constrangedora possível, adentrou minha casa (sim, como se ninguém morasse nela) e disse que queria falar comigo, se estava ali, meu namorado disse que não e seguiu observando o homem entrar casa adentro e reclamar da maneira como se encontrava a casa. Disse que meu namorado tinha cinco minutos para sair dali e que se não saísse chamaria a polícia (lembre-se, ele não invadiu a casa, nem a chave tinha, estava trancado, por minha precaução de não o verem saindo de casa com a chave em punho, já me esquivando de qualquer futuro problema), pois desse momento em diante disse que meus vizinhos estariam "reclamando" de nosso movimento, dentro de minha casa, que ficava trancada dia e noite, que a nossa "relação" incomodava os vizinhos que já estariam querendo "nos bater", perguntou se havia alguma cópia da chave com ele e a que horas eu voltaria da aula... meu namorado disse que estava em aula e que voltaria somente depois das dez da noite, sempre se apresentando como meu amigo (como haviamos combinado, já com medo de reações). Meu senhorio disse uma das frases mais chocantes a mim e a meu namorado: "Ele não está dando aula coisa alguma, deve estar é dando o cu..."... seguidas de várias frases preconceituosas a respeito, como "onde já se viu um marmanjo deitando com outro" (eu sou um homem de 1,90m... logo o 'marmanjo da situação'), seguiu-se a isso uma fotografia de meu namorado que arrumava as coisas, calado... Tenho a impressão de que por meu namorado ter 1,69m e cara de menino, talvez tenha pensado que fosse menor de idade, mas nisso deu-se mal, ele tem 24 anos, assim como eu. D* arrumou as coisas, pegou tudo que havia de valor, celulares, notebook, relógios e seguiu caminho a minha escola, após escutar barbaridades que tento não comentar, não ainda...

Seguiu a escola, eu estava no intervalo de aula, fumando cigarros de ansiedade... tentei amparar por celular, mas foi difícil, a raiva de ambos nos deixava mudos, nesses intervalos de silêncio meu namorado chega quase em prantos, se sentindo culpado e constrangido pela situação em que mais pareceu um marginal sendo expulso de uma casa que eu alugava... tentei amparar de maneira mais real, mas com medo de esboçar qualquer reação mais homoafetiva, já com medo de mais percalços. Um abraço e o choro dele foi o que bastou pra deixar a situação mais tênue, tive que voltar a minha aula e segui em curso "normal", dentro de minha raiva e nojo... Por medo de ser hostil não procurei meu senhorio até o dia seguinte, quando este me tratou super bem e deu sua versão "amigável" da situação... Tentei sempre manter a serenidade, apesar do nojo de apertar sua mão... e ainda mais nojo de ouvir qualquer explicação, ou motivação que seria inútil explicar, o mal já havia sido feito... Mas tive apenas a reação de me colocar como alguém disposto a sair dali o mais breve e não manter mais contato com qualquer um daqueles ignorantes com quem dividia o espaço...

A lei do retorno se encarrega de tudo o mais, pena que as provas que queria para poder abrir qualquer boletim de ocorrência me faltaram, graças também a falta de coragem de me contar a situação em sua reação proporção (por parte de meu senhorio)... Creio que me faltou coragem também, ou sobrou senso, quando o encarei, mas sei que o que não me faltou foi pena e nojo dessas pessoas que além de ignorantes e estúpidas perdem a noção de dignidade e respeito que qualquer ser humano merece.

Não é minha orientação sexual ou tom de pele, status social, escolha profissional, gênero ou religião que me compõe em enquanto um ser humano sério e capaz de manter a minha honra ou minha moral. Essas pessoas se esquecem que a vida dá voltas e que muitas das vezes tudo aqui que se foge "se vai ao encontro", como diria um poeta, que não vou me recordar a citar agora.

Traduzir minha situação emocional agora só com uma palavra: nojo... de tudo que possa ser usado pelo ser humano como possibilidade de humilhação. Não tenho mais que isso e espero que nesses dias que ainda me restam aqui, seja possível não ouvir nem a voz de uma, nem o som estridente das panelas da outra, nem o motor de qualquer veículo deles, para não me lembrar da podridão que habita a mente deles...

Agradeço a quem ler essa postagem e que possa apenas refletir sobre qualquer preconceito que tenha ou qualquer preconceito que tenha sofrido...

Não tiro direitos de pensar diferente, só não quero ser e nem ver ninguém sendo vítima de uma visão única desse ser humano que acha que o mundo gira em torno de sua visão... não me imponham nenhuma opinião e eu respeitarei a sua... Só o que todo ser humano merece é respeito, para poder criar respeito...

Pena que alguns fazem questão de tirar esse respeito criado, mas que sejam felizes em suas vidas medíocres...

VIVA E DEIXE VIVER..............

PS: sempre fui contra qualquer militância burra, mas hoje vejo que se a força de alguns militantes ou associados não existir, dificilmente algo vá mudar... e mais uma coisa, aproveitei que hoje foi regulamentado a união estável de homossexuais, parabéns por mais uma conquista, agora é conquistar respeito... e mostrar que somos todos parte de uma mesma raça, a humana...
PSII: qualquer parte omitida ou esquecida, vou acrescentando ao texto... obrigado...


ROGER ANGELI, 25 anos, Assis, SP.