Mais uma da sessão Acadêmico-Científica sobre nosso MODO DE SER e DESEJAR...
Por Dra. Karina B. Nassif Azen

Até meados do século XVII, conhecia-se pelo nome de sodomia a prática de relação sexual anal entre homens e isto era considerado como pecado. Hoje, em alguns países, ainda é considerado crime. Entretanto, em outros lugares como China, Japão entre outros, o ato sexual entre dois homens estava eivado de poder e conhecimento. O homem mais velho e sábio exercia a posição ativa de penetração, enquanto o mais jovem ficava na posição passiva. Em alguns locais da América Latina a prática da sodomia não está ligada a uma relação homossexual, apenas é uma relação entre homens, em que um deles é penetrado, assumindo um papel feminino. Doutrinadores mencionam que existem pesquisas que chamam esta prática de Homem-Sexo-Homem (HSH).
Destaca-se que os termos sodomia e HSH referem-se à prática sexual cujos adjetivos relacionais muitas vezes são taxados de pecaminoso, criminoso, com exclusão de qualquer afeto e vínculo, além de ser um ato eminentemente masculino. Após o surgimento da terminologia homossexualismo - final do século XIX - acrescentou-se mais um valor negativo – doença mental. Além disso, a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo, que até então era restrita apenas aos homens, passou a ser estendida também para as mulheres, como também foram acrescentados na relação o vínculo e o afeto.
Muitos estudiosos do tema questionam o motivo de uma expressão da sexualidade humana receber o significado de patologia. Em meados do século XVIII a família era composta para procriar, segundo os ensinamentos religiosos, como também para proteger o patrimônio. Além disso, eram ditados comportamentos e funções esperados para cada gênero especificamente. Assim, qualquer relação sexual que não fosse homem e mulher para cumprir aquelas finalidades era tida como doença, pecado, um ato perverso e criminoso. Os terapeutas pretendiam curar os homossexuais. Somente em 1973 a Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos riscou a homossexualidade de sua lista de patologias. No ano seguinte, no mesmo caminho seguiu a Associação de Psicologia. Enquanto que apenas em 1992 a Organização Mundial de Saúde retirou o homossexualismo da lista de doenças mentais. Essas organizações reconheceram, em seus manuais de diagnóstico, que a pessoa que não aceita sua homossexualidade pode sofrer de depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos, mas se ressalta que estes derivam de pressões familiares e sociais e de conotações negativas geralmente associadas à homossexualidade.
Partindo do pressuposto de que família, papéis na sociedade, entre outros, são construções sociais, então é possível reconstruir o significado do homossexual como uma forma de expressão da sexualidade humana. O termo homossexual, como antagônico ao heterossexual, afastado de sentidos negativos e percebido como uma forma de exercer a sexualidade, em nada impede que este sujeito tenha direitos e deveres como qualquer outro cidadão. Aos preconceituosos, deveria ser anotado que caráter e sexualidade não estão no mesmo plano e que direitos e as responsabilidades devem ser os mesmos para todos.
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